Integração

Encob 2022: CBH Baía de Guanabara marca forte presença em estande, oficina, apresentações de cases e artigos

“O CBH Baía de Guanabara dominou o Encob. A participação foi excelente”, resumiu a presidente Christianne Bernardo sobre o 24º Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Encob), realizado em Foz do Iguaçu (PR), entre os dias 22 e 26 de agosto. Essa edição foi a primeira organizada em formato híbrido - presencial e virtual - desde o início da pandemia da Covid-19.

Considerado um dos maiores eventos sobre gestão de recursos hídricos do país, o Encob mostrou que os comitês de bacias hidrográficas têm se dedicado a ações que promovam a preservação, a distribuição e o uso sustentável dos recursos hídricos e ambientais.

CBH Baía de Guanabara no encontro

Com o tema Integração pelas Águas, o CBH Baía de Guanabara montou um espaço de conhecimento e troca de informações que possibilitou aos presentes se inteirarem a respeito do trabalho realizado pelo Comitê e saber como promover ações mais robustas a partir da integração entre os colegiados.


Roda de reflexão promovida pelo CBH Baía de Guanabara - Crédito: Cleiton Bezerra/AGEVAP

Contribuíram para a montagem do estande os Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim (Comitê Guandu), Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía da Ilha Grande (BIG), Comitê de Bacia Médio Paraíba do Sul, Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piabanha, Comitê de Bacia Hidrográfica Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Macaé e das Ostras e Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos de São João, além do Consórcio Intermunicipal Lagos São João e a entidade delegatária Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (AGEVAP).

O espaço foi projetado para receber palestras e reuniões que trataram da atuação dos comitês na defesa da água e de políticas públicas socioambientais. Além disso, uma apresentação exibida em um telão mostrava ao público as principais informações sobre o CBH Baía de Guanabara.

Na programação do estande, representantes do CBH Baía de Guanabara realizaram, na tarde de quinta-feira, 25 de agosto, uma roda de reflexão sobre planos de educação ambiental em comitês de bacia hidrográfica, com foco em territorialidades hídricas. Jacqueline Guerreiro, coordenadora do Grupo de Trabalho do Observatório de Governança das Águas (GT OGA), apresentou como a educação ambiental impacta o entendimento das territorialidades hídricas, e Mauro Pereira e Rejany Ferreira, membros do comitê, falaram sobre suas experiências em projetos de territorialidade. O evento reuniu muitas pessoas no estande, inclusive representantes do poder público estadual do Rio de Janeiro.


Estande Integração das Águas - Crédito: Cleiton Bezerra/AGEVAP

Oficina do OGA O CBH Baía de Guanabara foi um dos quatro comitês de bacia a apresentar a metodologia de coleta de indicadores de governança na Oficina “Os Benefícios do Monitoramento da Governança para Garantir Segurança Hídrica”, realizado pelo Observatório de Governança das Águas (OGA Brasil) na segunda-feira, 22 de agosto. Como signatário do protocolo do OGA, o Comitê mostrou como tem aplicado metodologias de governança para melhoria de processos e resultados, sempre baseado nos indicadores desenvolvidos a partir da orientação do OGA.

“A participação do CBH Baía de Guanabara na oficina dá uma projeção nacional ao Comitê. O OGA tem ajudado muito o comitê a se desenvolver positivamente, a partir do momento em que começamos a olhar e ver o que está errado, para corrigir. E é isso que temos que fazer. Após a montagem do Grupo de Trabalho OGA, a gente começou a entender que precisamos internalizar esses processos e incentivar o comitê a fazer essa análise e autoavaliação da governança, para que os projetos e editais tenham mais possibilidade de aprovação e realização”, explicou a presidente do CBH Baía de Guanabara, Christianne Bernardo, que esteve na oficina.


Oficina do OGA - Crédito: Christianne Bernardo/CBH Baía de Guanabara

A coordenadora do GT OGA, Jacqueline Guerreiro, apresentou na oficina a metodologia criada no Comitê para a governança. Ela explicou que a solução encontrada é diferente de muitos comitês de bacias hidrográficas no Brasil, que foi a revisão dos processos e melhor identificação.

“O que a gente fez foi reavaliar os fazeres e os saberes do próprio Comitê. Há muitas ações já em andamento que são de governança, mas que não estavam identificadas como tal. Então, a nossa metodologia se baseia nesta avaliação, e identificamos que temos várias experiências exitosas que já usavam a governança. Nós já havíamos mostrado essa metodologia no OGA e, a partir daí, fomos convidados para fazer essa participação no Encob”, destalhou Jacqueline Guerreiro.

Apresentação de cases

Representantes do CBH Baía de Guanabara que estiveram no evento participaram ativamente dos fóruns e apresentações de cases, mostrando que as ações do comitê estão alinhadas à vanguarda da gestão de recursos hídricos.

Na terça-feira, 23 de agosto, as especialistas Maria Teresa Gouveia - coordenadora da Câmara Técnica de Educação Ambiental e Mobilização (CTEM) e membro do Subcomitê Oeste - e Elane de Carvalho - membro da CTEM e também do Subcomitê Maricá - apresentaram o case “Situação climática para engajamento em ações climáticas do CBH Baía de Guanabara”, dentro do fórum “Mudanças Climáticas, Eventos Críticos e Resiliência”.

Elas apresentaram dois simuladores de situações climáticas, que podem e devem ser usados como instrumento de educação ambiental. O En-Roads e o C-Roads permitem traçar cenários com o auxílio de dados, de modo que se saiba o que pode acontecer quando mais de um fator interage e impacta o comportamento do clima.


Apresentação do case sobre os simuladores de situações climáticas na educação ambiental - Crédito: Cleiton Bezerra/AGEVAP

“A educação ambiental deve partir de informações voltadas para ações concretas e não simplesmente de discursos. Costumamos dizer que, partindo da informação, o próximo passo é a sensibilização, que desperta o processo formativo para participação social. (...) E os comitês têm o compromisso de realizar ações pelas águas. Temos que atuar no processo pedagógico e político e ampliar, progressivamente, a capacidade de interpretar informações socioambientais”, disse Maria Teresa em sua apresentação.

“A proposta é usar os simuladores climáticos como uma ferramenta pedagógica para a educação ambiental voltada aos comitês de bacia hidrográfica. Os simuladores podem funcionar como um instrumento para tomada de decisões tanto pelos governos quanto pela sociedade civil, além das empresas. E são de uso gratuito. O uso dessas ferramentas subsidia a tomada de decisão por aqueles que são realmente tomadores de decisão dentro dos comitês gestores públicos”, explicou Elane Carvalho.

Acesse aqui o vídeo completo do painel.

Na quinta-feira, 25 de agosto, a manhã foi dedicada ao fórum “Boas práticas, gestão participativa e engajamento”. Mauro Pereira, membro do Subcomitê Oeste, participou da Roda de Diálogo para falar sobre educação ambiental e formas de promover a participação de toda a população nas ações dos comitês. E citou ações que têm sido realizadas junto a escolas municipais da cidade do Rio de Janeiro, além de ter destacado a importância do envolvimento dos jovens na Agenda 2030.

“Será que a gente, de fato, está envolvendo todos os atores da bacia? Porque se a gente está falando de uma bacia hidrográfica, é preciso observar se temos as comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas, dona-de-casa, jovem, adolescente e criança, pois todos são parte da gestão hídrica. Minimamente os comitês precisam de alguma forma fazer chegar a essas pessoas a informação de como participar”, pontuou o especialista.


Apresentação da palestra ‘Boas práticas, gestão participativa e engajamento – Crédito: Cleiton Bezerra/AGEVAP

No evento seguinte, Paulo Harkot, membro do Subcomitê Lagoa Rodrigo de Freitas, falou sobre a implantação da Câmara Técnica Costeira (CTCOST), criada em janeiro deste ano, e a importância de que os atores e as políticas públicas se voltem para as questões do mar, águas salinas e salobras.

“Tenho ouvido que o Brasil só olha para o mar e deu as costas para os recursos hídricos continentais. Ao contrário, o Brasil também não olha para as águas do mar, mesmo que seja um país costeiro, e talvez não olhe para as águas doces continentais. Há duas, três, quatro gerações, o Brasil perdeu a relação com o ambiente continental e esse ambiente continental está na mente de pouquíssimas pessoas. (...) O mar sempre causou medo e pavor. Por isso, o Brasil sempre deu as costas para o mar. O medo do mar é, principalmente, o medo da morte no mar. As relações envolvendo o mar sempre foram diferentes das relações desenvolvidas em terras, sempre na base da violência, da truculência. O mar exige que ajamos de forma cooperada”, reflete Paulo Harkot.


Apresentação de case sobre a implementação da Câmara Técnica Costeira – Crédito: Cleiton Bezerra/AGEVAP

A coordenadora-geral do Subcomitê Lagoa Rodrigo de Freitas, Adriana Bocaiúva, tratou da importância da construção de uma aliança das megacidades para ações em prol da água e do clima. E observou que as prefeituras do Rio de Janeiro e de Niterói fecharam uma parceria para formar uma megacidade para representar o setor público na Aliança de Megacidades para a Água e o Clima, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O assunto foi discutido na 2ª Conferência Internacional sobre Água, Megacidades e Mudança Global, em janeiro deste ano, em Paris (França).

“A gente tem que começar a incluir esse debate no sistema. Acho que quem estava aqui na oficina de segunda-feira (22 de agosto), sobre mudanças climáticas, entendeu o desafio que é a incorporação do tema clima na gestão de recursos hídricos. Então, é importante a gente capacitar os atores dos comitês de bacia para que consigamos instrumentalizar as informações que estão sendo geradas sobre esse tema, para que a gente possa incluir no nosso planejamento”, disse Adriana Bocaiúva.


Apresentação de case sobre a participação das megacidades em prol da água e do clima” – Crédito: Cleiton Bezerra/AGEVAP

Participaram com perguntas os membros do CBH Baía de Guanabara Elane Carvalho (SC Maricá), José Miguel da Silva (SC Oeste), Verônica Beck (SC Jacarepaguá) e Izidro Arthou (SC Maricá).

Acesse aqui o vídeo completo dos painéis.

Trabalhos apresentados

Três membros do CBH Baía de Guanabara ainda se destacaram na apresentação de artigos em banners:


Adriana Bocaiúva (SC Lagoa Rodrigo de Freitas), Maria Lobo (SC Oeste) e Rejany Pereira (SC Oeste) tiveram artigos divulgados – Crédito: Divulgação

Maria Lobo, do Subcomitê Oeste, apresentou trabalho com o tema “O desafio da territorialização do Plano de Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá”, na terça-feira, 23 de agosto.

Rejany Ferreira, do Subcomitê Oeste, apresentou artigo com o tema “Condições do saneamento ambiental da região hidrográfica do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro”, na quarta-feira, 24 de agosto.

E Adriana Bocaiuva, do Subcomitê Lagoa Rodrigo de Freitas, além da apresentação de case no fórum, também publicou o mesmo tema “Contribuição dos CBHs para a aliança de megacidades para a água e clima” em formato de artigo, na quinta-feira, 25 de agosto.

“A participação do CBH Baía de Guanabara no Encob 2022 foi um sucesso. Tivemos conteúdos diversos e pudemos mostrar a diversidade do nosso comitê, os trabalhos realizados. Tivemos a oportunidade de trocar experiências com membros de outros comitês do Brasil todo nos eventos e até em conversas de corredor e na ‘hora do café’. Vimos que muitas das nossas dificuldades são comuns a vários outros colegiados e pudemos ver que os desafios não são só nossos”, encerrou Christianne.


Representantes do CBH Baía de Guanabara no Encob – crédito Cleiton Bezerra/AGEVAP

Lista de participantes do CBH Baía de Guanabara no Encob 2022

Instância Nome
Diretoria Christianne Bernardo da Silva
Diretoria Maria Aparecida de Souza Resende
Subcomitê CLIP Ricardo Augusto de Almeida Voivodic
CTSAM Marcos André Basbaum
Subcomitê Leste Elielson Teixeira da Silva
GT OGA Jacqueline Guerreiro
Diretoria Paulo Cardoso da Silva
CTCOST Paulo Fernando Garreta Harkot
Subcomitê Jacarepaguá Veronica Beck
GTA Plano Maria da Silveira Lobo
CTIL Sandra Regina Campos do Couto Beltrão
FNCBH Izidro Paes Leme Arthou
Subcomitê Maricá Pedro Hugo Müller Xaubet
CTEM Maria Teresa de Jesus Gouveia
GT Chorume José Miguel da Silva
Subcomitê Oeste Rejany Ferreira dos Santos
CTIG Adriana de Lima Bocaiuva
Subcomitê Maricá Elane Maria Farias de Carvalho


A 25ª Edição do Encob, planejada para 2023, já tem local definido: os comitês de bacia vão se encontrar em Natal (RN).




www.comitebaiadeguanabara.org.br