Nessa nova etapa serão medidos 78 parâmetros de qualidade da água, com coletas periódicas de amostras. Foto: Luiza Bragança/Prefácio Comunicação
Ações do Comitê

Comitê da Baía de Guanabara amplia programa de monitoramento de água

Investimento de R$ 10 milhões visa à melhoria das condições da água da Baía de Guanabara


Monitorar a qualidade da água e descobrir a origem da poluição e das contaminações da Baía de Guanabara são alguns dos principais objetivos do Comitê de Bacia da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara e dos Sistemas Lagunares de Maricá e Jacarepaguá para 2024. Com aporte de R$ 10 milhões, o CBH Baía de Guanabara investirá na ampliação do programa de monitoramento quali-quantitativo da água e dos sedimentos no território. A previsão é que os trabalhos comecem em abril e se estendam por 18 meses.

Com a expansão do programa, serão monitorados pontos do espelho da água da Baía de Guanabara e da foz dos rios e canais que desaguam nela. Ao todo, serão medidos 78 parâmetros de qualidade da água, com coletas periódicas de amostras. Também serão realizadas análises laboratoriais, de acordo com padrões de qualidade da água, além de serviço de monitoramento por satélite de acompanhamento do crescimento de flora nociva. A ideia é aperfeiçoar a gestão dos recursos hídricos da bacia, potencializando os resultados alcançados por meio da aplicação mais assertiva dos recursos investidos pelo Comitê.

“O monitoramento da qualidade das águas é instrumento fundamental para gestão de recursos hídricos, sem o qual não podemos nortear nosso planejamento. A ampliação desse instrumento em nossa região hidrográfica subsidiará o debate sobre enquadramento dos corpos hídricos e o dimensionamento dos investimentos para alcançarmos as metas pactuadas”, destaca a diretora-presidente do CBH Baía de Guanabara, Adriana Bocaiuva.

Atualmente, o Comitê já monitora 93 pontos distribuídos ao longo dos corpos d’água da Região Hidrográfica V. O programa acompanha 13 parâmetros de qualidade, dos quais 10 são determinantes para mensurar o índice de qualidade da água (IQA), além da medição de vazão em 50 pontos. Com investimento de R$ 2.293.350,00, o projeto analisa a realidade hídrica dos 17 municípios inseridos, parcial ou totalmente, na região hidrográfica. A iniciativa foi reconhecida pelo Prêmio Prosegh 2023, na categoria qualidade ambiental.

Ainda de acordo com a diretora-presidente, os sinais de recuperação da região hidrográfica são notórios. “Apesar dos diversos desafios, os sinais de recuperação da Baía de Guanabara e de outros corpos hídricos da RH-V, consequência dos expressivos investimentos aportados pelas concessionárias de água e esgoto, somados aos projetos levados adiante pelo Comitê, nos incentivam a perseverar na jornada”. A melhoria das condições dos mananciais permitirá que a população fluminense tenha acesso à água de qualidade para atividades essenciais do dia a dia.

Indicadores da melhoria

Levantamento divulgado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) mostra que no final de setembro todas as praias oceânicas de Niterói e da zona sul do Rio estavam apropriadas para banho. A Praia de Botafogo, por exemplo, apresentou boa balneabilidade, que é o parâmetro da qualidade das águas destinadas a recreação, de acordo com a densidade de coliformes fecais encontrados nela. O número mais provável (NMP) de coliformes identificados na praia caiu de 16.000 para 790 a cada 100 ml em um dos pontos monitorados, ainda em 2022.

A novidade apontada no relatório de balneabilidade do INEA pode estar associada às recentes obras de saneamento no estado e à falta de chuva no período da coleta. No interior da Baía de Guanabara, houve o registro de um cavalo-marinho da espécie Hippocampus reidi, na Ilha das Palmas, e a visita de 600 botos-cinza vindos da Ilha Grande. Pesquisadores têm a esperança de que parte deles, muitas fêmeas com seus filhotes, tenham ficado na Baía da Guanabara para auxiliar no aumento da população de botos.

Investimentos realizados

Dentre outros investimentos feitos pelo CBH Baia de Guanabara, em 2023, estão as parcerias com a Prefeitura do Rio de Janeiro, que resultaram em um aporte de R$ 500 mil para a elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, e de cerca R$ 420 mil para a elaboração do Plano de Manejo do Mosaico das Vargens, que visa regulamentar o manejo de duas unidades de conservação criadas em 2022. O Plano de Manejo busca preservar os diferentes ecossistemas da Região das Vargens, relevante área de recarga do lençol freático para a cidade.

Realizou-se ainda a implantação dos serviços de saneamento básico e drenagem pluvial na Comunidade do Cabrito, em Niterói, impactando a vida de centenas de moradores. Outra iniciativa promovida em parceria com a prefeitura foi a elaboração do projeto executivo de sistemas alternativos de esgotamento sanitário em 172 lotes que margeiam o alto curso do Rio Jacaré.

Em Guapimirim, foram realizados estudos básicos e concebidos projetos de esgotamento sanitário para o bairro Vale das Pedrinhas. Além disso, serão investidos cerca de R$ 11 milhões em ações relacionadas ao saneamento alternativo nas diversas sub-regiões hidrográficas.

O Comitê também está desenvolvendo o projeto “Vigilância Socioambiental da Baia de Guanabara”, com ações de mapeamento e avaliação dos potenciais conflitos da gestão dos recursos hídricos e costeiros na RH-V. A ideia do projeto é municiar a tomada de decisão do Comitê, para qualificar as deliberações sobre a aplicação de recursos a partir do melhor conhecimento dos impactos e conflitos na gestão dos recursos hídricos e costeiros. O projeto visa ainda à capacitação e o apoio aos atores envolvidos.




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